Sobredosagem
Undecanoato de Testosterona >160 mg/dia
Ésteres de Testosterona >300 mg/semana[1]
Toxicidade
Intoxicação Aguda
Intoxicação Crónica
Náuseas e vómitos.

Via Oral
Danos hepáticos;
Virilização em mulheres;
Hipertrofia prostática;
Impotência e azoospermia em homens;
Acne;
Lipídos anormais;
Doença cardiovascular prematura;
Tolerância anormal à glicose;
Hipertrofia muscular;
Distúrbios psiquiátricos.
Espera-se recuperação rápida.

Via Parentérica
Virilização em mulheres;
Hipertrofia prostática, impotência e azoospermia em homens;
Acne;
Lípidos anormais;
Doença cardiovascular prematura
Tolerância à glicose anormal:
Hipertrofia muscular;
Perturbações psiquiátricas;
Danos hepáticos podem ocorrer.



Não é relevante a toxicidade por via cutânea, nasal ou ocular. [1]
Via Oral
Os androgénios 17α-alquilados orais têm o efeito de primeira passagem diminuído, são resistentes à degradação imediata, aumentando as concentrações sistémicas de testosterona. No entanto, a libertação mais lenta do fígado torna-os potencialmente mais hepatotóxicos. [2]
A 17α-metiltestosterona foi retirada do mercado na Europa, mas continua a ser prescrita pela Food and Drug Administration para mulheres na pós-menopausa. [4]
Via Parentérica
Podem também ser hepatotóxicos. [2]
Hepatotoxicidade
O fígado é o principal local de libertação da testosterona, logo existem grandes preocupações sobre os efeitos tóxicos da administração crónica. [2]
É um efeito colateral bem reconhecido mas incomum, maioritariamente ligado às formulações de testosterona 17α-alquiladas. [3]
Preparações de testosterona não modificada e formulações injetáveis esterificadas parecem também causar alguns efeitos adversos no fígado (muito mais raramente e quando utilizados a longo prazo). [2]
A frequência e gravidade dependem de vários fatores:
-
Uso prolongado
-
Doses suprafisiológicas.
-
Formulação do medicamento,
-
Via de administração,
-
Uso concomitante de outros fármacos,
-
Sensibilidade e resposta individuais [2,3]
A maioria dos efeitos são revertidos ou melhorados com a interrupção do uso mas, ocasionalmente, efeitos graves podem permanecer e ter consequências fatais. [2,4]
Implicados em quatro formas distintas de lesão hepática:
enzimas hepáticas - Aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (AP), lactato desidrogenase (LDH) e gama glutamil transpeptidase (GGT). [2]
Um aumento nos níveis plasmáticos dessas enzimas reflete dano hepatocelular ou pelo menos maior permeabilidade da membrana hepatocelular.
Os níveis de enzima geralmente varia de duas a três vezes o normal em indivíduos assintomáticos. [2]
Síndrome colestática aguda - Pode ser grave e requer hospitalização.
Geralmente observada 1 a 4 meses após o início do uso, mas pode demorar até 24 meses. [2]
Início com desenvolvimento de náusea, fadiga e prurido, seguidos de urina escura e icterícia. A icterícia e o prurido podem ser prolongados mesmo após a descontinuação da toma. [2]
O tratamento envolve cuidados de suporte e tratamento sintomático do prurido com anti-histamínicos. Os corticosteróides devem ser evitados. [2]
Lesão Vascular Crónica (Peliose Hepática) - Condição rara. [2]
Lesões hipervasculares no fígado, resultando em múltiplas cavidades cheias de sangue no parênquima hepático. [2]
Fígado aumentado, de cor vermelha escura e frágil. [2]
A menos que haja complicações, apenas cuidados de suporte. [2]
Tumores hepáticos - Adenoma hepatocelular benigno (HCA) ou carcinoma hepatocelular maligno (HCC). [2]
Há fortes indícios de que a maioria dos tumores do fígado relacionados com os esteroides anabolizantes são causados pelos esteroides anabolizantes 17α-alquilados. [2]]
Formas adicionais de toxicidade hepática:
As doenças infeciosas são uma preocupação devido ao uso parental de esteroides anabolizantes e à possibilidade de partilha de agulhas e outras práticas inseguras com doentes positivos para hepatite C e para hepatite B. [2]
Num estudo, o dano hepatocelular foi o tipo de lesão hepática mais frequente (60%).
O tipo de lesão hepática parece ser importante, uma vez que casos graves foram encontrados com maior frequência entre pacientes com colestase.
A icterícia foi observada em todos os casos colestáticos.
Em pacientes com icterícia com obstrução biliar extra-hepática, altos níveis de bilirrubina podem sensibilizar o rim, aumentando a concentração de aminoglicosídeos e lesão no rim.
Alguns pacientes desenvolveram disfunção renal com valores de creatinina sérica altos.
A lesão hepática induzida por esteroides androgénicos anabolizantes está associada a valores de bilirrubina significativamente mais altos quando comparada a doenças hepáticas induzidas por outras classes de fármacos.
Nenhum dos pacientes desenvolveu insuficiência hepática fulminante.
Muitos recuperaram da lesão passado alguns meses, outros demoraram perto de um ano e apenas um se tornou crónico.
[5]
O uso inevitável e prolongado de androgénios 17α-alquilados requer exame clínico regular e monitorização bioquímica da função hepática. [3]
Se forem detetadas anormalidades bioquímicas, o tratamento com androgénios 17α-alquilados deve cessar. [3]
O número de casos de lesões hepáticas induzidas por esteroides androgénicos anabolizantes tem vindo a aumentar nos últimos anos. [5]
As taxas de hepatotoxicidade da utilização de doses suprafisiológicas permanecem difíceis de quantificar, devido à subnotificação da extensão do uso e dosagem ilícitos. [3]
A maioria dos atletas que tomam esteroides anabolizantes para aumentar o tamanho e a força muscular segue regimes intensivos de treino de resistência para maximizar os seus efeitos, o que pode provocar danos musculares e alterações enzimáticas que podem ser confundidos com danos hepáticos. [2]
Carcinogenicidade
Esteroides anabolizantes podem ser cancerígenos.
Podem estimular o crescimento de tecido dependente de hormonas sexuais, principalmente a próstata nos homens.
O cancro de próstata precoce e o cancro hepático estão descritos após abuso prolongado de esteroides anabolizantes. [6]
Teratogenicidade
A ingestão de androgénios por uma mãe grávida pode causar virilização de um feto feminino. [6]
Referências bibliográficas:
[1] - Inchem (1998) Disponível em: http://www.inchem.org/documents/pims/pharm/pim519.htm?fbclid=IwAR3h5GA2bBmOm4rndiSa3GO1aIl-y2EiBogMBwGJjLdYtzlwf7Ium8wRMQM#SectionTitle:2.1%20%20Main%20risks%20and%20target%20organs [acedido a 8 abril, 2020]
[2] - Niedfeldt, M. W. (2018). Anabolic Steroid Effect on the Liver. Current Sports Medicine Reports, 17(3), 97–102. https://doi.org/10.1249/JSR.0000000000000467
[3] - BS, D. (2016). Androgen Physiology, Pharmacology And Abuse. [online] Ncbi.nlm.nih.gov. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK279000/> [Acedido a 27 Março, 2020].
[4] - Iyer R., Handelsman D.J. (2017). Testosterone Misuse and Abuse. In: Hohl A. (eds) Testosterone: From Basic to Clinical Aspects. Springer International Publishing.International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-319-46086-4_19
[5] - Robles-Diaz, M., Gonzalez-Jimenez, A., Medina-Caliz, I., Stephens, C., García-Cortes, M., García-Muñoz, B., … Andrade, R. J. (2015). Distinct phenotype of hepatotoxicity associated with illicit use of anabolic androgenic steroids. Alimentary Pharmacology and Therapeutics, 41(1), 116–125. https://doi.org/10.1111/apt.13023
[6] - National Center for Biotechnology Information. PubChem Database. Testosterone, CID=6013, Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Testosterone [acedido a 31 de março, 2020]